sábado, 14 de janeiro de 2012

O QUASE ASSASSINATO DE NATAL



          MYLLA GALVÃO

Naquele dia de Natal, ele abriu o freezer para pegar uma lata de cerveja, e de dentro dele, saltou uma latinha do nada e bateu em sua testa deixando-o atordoado. 

_ Jesus! Que praga é essa? Logo no dia do Nascimento de Cristo, essa lata salta do nada e bate na minha testa? Morrer logo no Natal? Não! Nem pensar! Ainda tenho que comer muito! Tem tanta comida boa nessa data! Não cabe morrer assim, assassinado por uma lata de cerveja! 

E assim pensando, ele, abriu a fatídica latinha que quase o assassinara e sorveu um gole bem grande. O líquido gelado desceu suave garganta abaixo, matando-lhe a sede. Com mais três grandes goles, ele acabou a latinha. Amassou-a e jogou-a no montinho atrás da porta. Ele também juntava latinhas para vender! 

Logo depois saiu com o cão para passear, mas teve que parar na primeira árvore, porque sobreveio-lhe uma tontura muito grande. 

_ Que merda é essa? Porque estou tonto? Só por causa daquela famigerada latinha que bateu na minha testa? Foi uma batidinha de nada... 

Mas aquela batidinha de nada, não era uma batidinha de nada. Alguma coisa em sua cabeça não estava bem. Ele cambaleou mais uma vez, puxado pelo cão que queria andar atrás da bela poodle que passara por ali. Mas ele não conseguia se mexer... Estava tonto demais. E agora? Como iria voltar para casa? 

Ela passou por ele e cumprimentou-o, mas ele, em meio a sua dor e tontura não percebeu. Ela voltou-se sobressaltada. Nunca o vira tão branco! Parecia que estava passando mal. 

_ Ei! Você está bem? Está branco como um lençol! Posso ajudar em alguma coisa? Quer que eu leve o cão? 

_ Por favor... Aliás... Faça melhor. Chame uma ambulância, acho que o caso é mais sério que estamos pensando. Preciso de um hospital com urgência. Dizendo isso desmaiou. 

Ela ficou horrorizada, quase em pânico, mal conseguiu discar o número da emergência e solicitar a ambulância. Quando ela chegou para levar o paciente, disse que não poderia ir com ele porque precisava levar o cachorro dele para casa. 

Quando chegou ao hospital, ele ainda estava desacordado. Mas em meio a seus sonhos ele parecia não sentir suas pernas. Parecia que tinham sido amputadas! Acordou no meio da noite, suando frio e com as roupas pregando no corpo. Sentiu que haviam colocado nele um monte de fios e que estava ligado a um aparelho enorme. Mas a sensação do sonho ainda estava ali em sua mente, palpável. Ele realmente não sentia suas pernas! 

_Que bom que o senhor acordou! Estamos querendo que o responda algumas perguntas básicas para completar sua ficha, já que chegou aqui, sozinho! 

_ Ora! Ela não veio comigo? Pensei que havia deixado o cão com alguém da rua e entrado na ambulância! Pelo visto, valho menos que um cachorro! 

Ele forneceu a enfermeira todos os seus dados. Falou também de sua tontura, da latinha que quase o assassinara... E lembrou-se que naquele dia era dia de Natal! Mais algumas perguntas de praxe, o doutor entrou, seguido de alguns residentes. Ao todo eram mais ou menos cinco pessoas no quarto. 

_ Senhor! O que aconteceu? Examinei-o por inteiro e só notei um enorme galo em sua testa. Mas ao testar seus reflexos na parte de baixo, suas pernas não respondiam. Pode me contar o que houve? 

_ Doutor, assim que acordei lá em casa, senti minha garganta seca e fui ao freezer buscar uma “gelada” para aplacar a minha sede. Ao abrir a porta, uma famigerada latinha, pulou lá de dentro e bateu na minha testa, deixando-me zonzo! Sacudi a cabeça e fui tratar da minha vida, não sem antes degustar aquela que quase me matou no dia do Natal... E fui levar meu amigo para passear. Mas ao chegar a rua, me senti muito tonto e pedi a uma amiga para chamar a ambulância e ficar com o cão. Depois disso eu não vi e nem senti mais nada... Acordei aqui nesse quarto de hospital. 

_ Pois bem meu amigo, essa famigerada latinha pode ter lhe causado muito mais que uma simples tonteira... Talvez ela tenha lhe tirado o movimento das pernas! Vamos fazer uma ressonância magnética e uma tomografia computadorizada para avaliar seu estado. Depois conversaremos melhor. Talvez isso possa ser apenas um fator psicológico! 

E fizeram nele todos os exames disponíveis naquela Casa de Saúde. Não havia nada de errado com ele! No entanto, ele continuava a não sentir as pernas. Mais alguns dias no hospital e ele foi autorizado a voltar para casa. Mas como iria ser isso? Não conseguia andar! 

Assim que ele pisou no chão do quarto, ele ficou boquiaberto! Ele sentia o gelado do chão na planta dos pés... Será que ele podia de fato andar? Se pudesse, ele saberia que finalmente aquela famigerada latinha não tinha feito tanto estrago assim em sua vida, como ele supunha... 

E feliz, ele foi andando para casa, dando pequenos pulinhos pela rua, as vezes rindo, as vezes soltando gargalhadas... Mas andando... “Graças a Deus! Aquela famigerada não me aleijou! Quando chegar em casa eu vou tomar mais duas.... Em comemoração de minha alegria!” 





Um comentário:

Sandra disse...

Um belo texto. Nossa vou me cuidar comas latinhas.rsrrsrsrs

Vim entregar meu presente. Espero que goste. Passe na Curiosa e verás o que é.
UM BRINDE A TODOS NÓS QUE FAZEMOS PARTE DESTE UNIVERSO VIRTUAL. ESTOU CONQUISTANDO COM MUITO CARINHO 22MIL VISITAS NO BLOG. SABEMOS QUE AS CONQUISTA DEPENDE UM AO OUTRO.
MUITO OBRIGADA PELA PACIÊNCIA...AMIZADE..ALEGRIAS..CARINHO
Sei que muito temos para dizer, mas o mais importante é agradecer por tudo, pela VIDA. Obrigada por VOCÊ existir e fazer parte de a minha vida.
Obrigada Senhor pela nossa amizade. Mesmo virtual tem um significado muito grande, E ESPECIAL, porque ultrapassa as fronteiras das telinhas, envolve os corações, nos encantam e nos faz feliz e sermos o que somos..Simplesmente amigos para Sempre...
Muito obrigada amigo(a), por fazer parte do meu circulo de Amigos.

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