sexta-feira, 17 de abril de 2009



UMA PIADA DO VICO


Zé tinha viajado para longes terras e Maria não resistiu às cantadas do Benedito, ecurinho efetivamente bom de bico.
E Maria agora prenha e prenhe de preocupações:
_ Como vou explicar pro Zé, se nascer uma criança da cor negra?
Deu tratos a bola...
Um mês depois estava dizendo pro Zé:
_ Tou esperando mais um neném e tou com desejo...
_ Muié, deixa de bestera...
_ Tou sim Zé. Com desejo de comê carne de urubu.
_ Credo em cruz, Maria!
_ Urubu, sim Zé. É desejo...
O certo é que Zé embrulhou, embrulhou e não levou o urubu para a mulher.
Oito mês depois nasce o bebê.
Bebê de Benedito.
Pretinho da Silva.
Maria ainda incriminou o coitado do Zé:
_ Tá vendo?! Tive vontade de comer carne de urubu...
E Zé ficou com remorso: " Devia ter levado o raio do urubu prá muié comê!"
E olhando de má vontade para o bebê. Na verdade, bebê de Benedito: "Agora fica esse tiziu aí..."
Foi-se lamentar com a velha mãe:
_ Mãe, eu não acreditava nesse negócio de desejo...
E repete tudo:
_ Maria tava grávida, desejou comer carne de urubu, insistiu, insistiu e eu fui enrolano, enrolano...
E com a tez do bendito na cabeça:
_ Agora o menino nasceu com a tez de urubu!
A experiente mãe fala comovida e comovedora:
_ Meu filho, quando eu estava grávida de você, também tive desejos. Queria comer carne de boi...
_ Mas carne de boi é fácil...
_ Fácil nada meu filho. Seu pai não tinha dinheiro...
_ Coitada. E a Senhora com o desejo?...
_ Eu ali com o desejo de comer carne de boi...
_ Mas não teve problema , mãe?
_ Teve problema sim meu filho!
E agora esclarecedora:
_ É por isso que você nasceu chifrudo...


(Texto transcrito do livro "Sempre Viçosa" - José Dionísio Ladeira)

Pedidos: E-mail: josedionisio@acessa.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Tu és uma peste Dona.

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