A Preciosidade
Catarina subiu ao sotão para procurar alguns livros para ler. Sua biblioteca particular ficava lá. Mas de repente, a luz foi embora e ela teve que acender seu velho candelabro de velas. Escolhidos os livros (sobretudo os de poesias que ela amava), ela os colocou no chão ao lado do candelabro e ali mesmo iniciou sua leitura...
Abrindo ao acaso um dos livros, encantou-se com o versos de Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer..."
_ Que lindo! - Exclamou Catarina! Amo poesias de amor... Por mim ficaria aqui a noite toda a ler e relê-las... Mas se meu pai me pega aqui, vai falar que sou uma doida varrida! Papai não entende nada de amor! Ou será que entende? Se entende mesmo, porque abandonou nossa família? Vai ver o amor que ele sentia pela mamãe havia acabado!
E a garota retornou para a sua leitura... Quando deu acordo de si, já era de manhãzinha e o sol batia na vidraça da janela!
_ Meu Deus! Passei a noite toda aqui! Papai vai me matar! A luz voltou, as velas se acabaram e a leitura estava tão bela que adormeci sem ver... Tenho que correr! Preciso deixar o café pronto para o papai e ainda ir para a Escola! Tomara que dê tempo!
Catarina, juntou os livros para debaixo da pequena mesinha, colocou o candelabro de lado e desceu as escadas apressadamente em direção à cozinha! Sem esquecer contudo o livro que continha a poesia de Camões! Ia mostrar a professora de literatura a sua "preciosidade"...
Este texto faz parte da blogagem coletiva do M@myrene