segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO - 20ª Edição


LEMBRANÇAS

Era de manhãzinha quando mamãe recolhia a roupa do varal, lavada de véspera... Lembro-me bem do cheiro do sabão, do cheiro da roupa lavada. Era muito gostoso! Enquanto ela recolhia os lençóis do varal, eu perguntava a ela:
_ Mãe! Por que a senhora lava a mesma roupa toda semana?
_ Ora menina! Mas a gente não usa as roupas toda a semana? Não dormimos nos mesmos lençóis e fronhas?
Sujamos sempre as mesmas roupas...
_ Mas e quando ganhamos roupas novas? Deixamos de usar as velhas? Jogamos no lixo?
_ Como assim jogamos no lixo? Sempre doamos as nossas roupas que não nos serve mais para os pobres. 
_ Mas a senhora limpa o chão da casa com uma camisa velha do papai!
_ Ah! Aquela camisa rasgou filha! Não dava para costurar. por isso a uso para limpar a casa...
_ Acho interessante como as roupas que a senhora lava em um dia e as pendura molhadas, às vezes pingando água no varal e no dia seguinte estão secas... Quem as seca mamãe?
_ O sol, o vento...
_ E para onde vão ou vai a água que estava nas roupas?
_ Ela evapora filha... Tá vendo aquelas nuvens branquinhas lá no céu? A maioria delas é formada por água que evapora... Não só das roupas que as pessoas lavam, mas de riachos, rios... Pelo calor dos raios do sol!
_ Que interessante mamãe! Mas essas roupas não estão amarrotadas? Eu sempre vejo a senhora as pendurar nos cabides ou guardá-las no guarda-roupa sempre lisinhas!
_ O que a Senhora faz para que isso aconteça?
_ Ora!Eu uso o ferro de passar roupa. Por isso as roupas ficam lisas.
E eu ficava indagando a mamãe e ela me respondia a todas as minhas perguntas com uma paciência incrível!
Tenho ótimas lembranças dessas nossas conversas...
E sempre que recorro a elas, sinto o velho cheiro do sabão nas roupas lavadas pela mamãe... É tão bom!

Este texto faz parte da BC - do blog M@myrene

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

BC - ERA UMA VEZ... 1ª Edição


O VERDADEIRO SENTIDO DA FELICIDADE

ERA UMA VEZ... uma joaninha que gostava de morar em sua amada margarida. Todos os dias, ela alisava pétala por pétala dela. Mantinha sempre viçosa... Mas ela não era uma joaninha qualquer. Era uma joaninha encantada. Na verdade, ela era uma princesa... Uma princesa muito triste. E que pediu a sua fada-madrinha que a transmutasse em um inseto lindo! Um inseto vermelho de lindas pintas pretas e que teria asas. Essas asas, eram para ela se movimentar pois suas perninhas eram curtas demais. Mas uma gota de água saciava sua sede, e uma gota de néctar, sua fome.
Ela queria viver no mundo da natureza, porque o glamour, o dinheiro, o luxo do castelo, nada se importava para ela... Ela queria se sentir livre... Não presa numa "gaiola dourada"...
Ela ia ficar assim por algum tempo, quando então, retornaria a sua forma humana. Quando ela tivesse aprendido o verdadeiro sentido da "felicidade"...

Este texto faz parte da BC - Vitrine dos Sonhos




quarta-feira, 13 de novembro de 2013

MEU GATO PREFERIDO


_ Milene! Você quer um gato, que fica lá perto da casa de Letícia?
_ Eu quero! Mas você sabe,ainda tenho esperança de encontrar o Zeus. Como esse gato é? Amarelo rajado e branco. Eles ficam judiando dele na rua... Tá magrinho e esmirradinho...
_ Traz ele! A gente dá um jeito aqui... Ando com saudades do Zeus mesmo... E a Mel sumiu... Acho que fugiu! E seu tio fica falando que fui eu quem deu sumiço nela...
E Pedro apareceu aqui em casa com o gato. Era como ele falou mesmo... Esmirrado... Magrelo... Ninguém dava nada por ele...


_ Como ele vai se chamar? Eu colocaria Caramelo, porque ele é amarelo... 
_ Não! Eu trouxe o gato, ele vai se chamar Bartoré. 
_ De onde você tirou esse nome menino? 
_ Sei lá! Tem cara... E acho que ele gosta de mim, olha ele no meio das minhas roupas...
_ Ah! A Mel também gosta de ficar aí...


_ Pois é eu gostava muito dela... Sempre quis ter uma gata rajada... E ela some desse jeito...
E os dois até que conviviam bem. Brincavam sempre juntos... Brigavam muito... Mas eram apenas filhotes crescendo... 
Um dia perdi a esperança de achar o meu Zeus. Era um gato grande, preto, cruzamento de um persa com vira-lata. Era lindo... Tinha a cara bem larga. Mas gostava de passear a noite e um foi e não voltou nunca mais...
E eu fiquei com o Bartoré Caramelo... Nome pomposo, para um gato pomposo. Cresceu cheio de mimos, de carinho... eAdorava comer biscoito de polvilho, leite condensado, pão de queijo, pão com manteiga... Pipoca doce (de canjica) era a sua paixão... Mas não gostava de carne de porco, nem de linguiça... Mas comia frango (principalmente peito).
Era luxento... Quando ia comer, não queria a ração velha que estava no prato. Queria sempre ração nova... E brigava comigo... Por incrível que pareça eu o entendia às vezes... Odiava secador de cabelo. Mordeu a mão do marido uma vez, que ele tentou secá-lo depois do banho...
E ontem, ele apareceu aqui com o olho vazado (furado).
Meu coração doeu... Eu tremia, e nem sei o que fiz ontem, correndo atrás de alguém pra cuidar dele...


E foi Pedro que viu o olho dele assim... Prendi ele na caixa, ele estava sentindo dor, porque não queria ficar ali dentro, e miava baixinho... Do olho dele saía uma uma lágrima sanguinolenta... Eu abri o olho dele, meio a contragosto dele... Vi o buraquinho... Meu coração doeu de novo...
Fomos levar ele de manhã no veterinário... Mas ele fugiu, conseguindo abrir a porta da caixinha... E ainda não voltou o meu Bartoré Caramelo... 
Não dormi direito essa noite por causa dele... Será que ele volta para casa?

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

UM CONTO ÀS AVESSAS


Maria, era uma daquelas "crentes" meio chatas. Toda pessoa que ela encontrava na rua, queria "catequizar" pra sua igreja. Andava sempre com aquela Bíblia de capa azul, debaixo do braço e de vez em quando sentava no banco da praça, para ler em vós alta algumas passagens que ela achava interessante e que segundo ela, "servia pra muita gente" da sua cidade...
Um dia, um amigo de longas datas parou para falar com ela:
_ Maria, tem muito tempo que não te vejo! Como tens passado?
 _ "O Senhor é meu pastor! Nada me faltará"!
_ Como assim? Perguntei como vai você!
_ Ah! Oi Juvenal. Desculpe. Estava lendo o Salmo 23, que eu acho muito bonito e não te vi e nem te vi passar...
_ Não passei! Estou apenas te cumprimentando! Você está bem?
_ Estou sim. Não vê que estou "orando ao Senhor"?
_ O que eu vi é uma querida amiga, sentada aqui na praça, gritando para ninguém ouvir, que sem a fé, Deus não ouvirá ninguém! Mas a praça está vazia e as pessoas passam apressadas...
_ Ah! Todo dia é assim... Mas daqui a pouco, muitas pararam para me escutar... O Mundo carece de Deus! Ele mesmo diz: "Vigiai e orai"!
_ Mas não foi Deus que disse isso! Foi Jesus Cristo aos apóstolos, que dormiam, enquanto ele orava no Monte das Oliveiras!
_ Eu sei... Eu sei...
_ Será que você está mesmo bem?
 _ Quer ir até a padaria tomar um café? Um pão-de-queijo?
_ Eu quero é que as pessoas escutem as minhas palavras. A minha fé!
_ Maria! Você quer impor a sua fé aos outros... E Fé a gente não impõe a ninguém! A fé precisa ser conquistada por cada ser humano. Cada um tem a sua; apesar do Deus ser o mesmo...
Vem comigo! Vamos para minha casa. Minha mulher vai fazer uma sopa quente. Está frio aqui e você poderá "orar" sossegada lá em casa. Além do mais, seu vestido está molhado. Deve estar com frio...
_ Mas meu pastor falou que uma fé sem obras, É uma fé vã.
_ E você acha que alguém vai escutar você aqui nessa praça gelada? Gritando assim aos berros?
_ Deus, quer seus servos, ajudando aos outros, Fazendo Caridade. Amando-se uns aos outros. Isso também é ter fé. Ele escuta cada pensamento seu. Não precisa gritar para ser ouvida. Deus te escuta, mesmo em silêncio absoluto... Vem, vamos até em casa!
E Maria foi andando contrariada, para a casa de Juvenal... Aquele "amigo antigo" não sabia o que estava falando, pensava... Quem sabe conseguisse "levá-los para sua igreja? Estava com frio, era verdade, mas ela sabia que, segundo o pastor: "Deus proverá"!

domingo, 3 de novembro de 2013

MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO - 17ª Edição


SOLIDÃO

Maria Cruz, sentia o coração opresso... Naquele quarto solitário, ela queria definir a sua solidão. Fazia frio mesmo ali, por isso estava agasalhada. Era domingo. Ao seu lado, a pilha de seus livros preferidos, lidos e relidos. Sentada na cadeira e os pés apoiados no criado mudo ao lado de sua cama, escrevia em seu diário...
Sim... Ela tinha um diário... Para escrever seus poemas, suas divagações, sua eterna solidão...
O namorado havia marcado um piquenique com ela, por isso aquela cesta ali... Mas não aparecera. Com certeza ele a havia trocado pela velha pelada com os amigos... E ela, ficara... Naquele quarto frio a espera "daquela pessoa" que se dizia "seu namorado"!
Primeiro ela ficara com uma raiva imensa dele... Depois a raiva passou ao ódio e por fim, grossas lágrimas assomaram seus olhos. Ela pegou o diário e passou para o papel toda a sua mágoa... 
Um domingo lindo de sol ali bem perto, ao alcance de sua mão... Mas ela preferiu a cadeira dura... A mágoa era tão grande em seu coração, que até o lanche que preparara com carinho para o passeio a dois jazia aos seus pés... Mas as palavras? Essas saíam aos borbotões, misturadas com as lágrimas que teimavam em rolar de seus olhos... Encheu duas laudas do diário... Encheu-as com palavras tristes, com palavras que definiam a solidão que ela tinha no coração. 

Este texto faz parte da BC do Blog M@myrene.
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