O GATO E O RATO

O rato achou a porta aberta e foi entrando casa adentro. Mas ele não viu o baita gatão que estava ali por perto. Quando passou pelo bichano este, pisou em sua cauda:

_ Onde pensas que vai fedelho?

_ Uai... Encontrei a porta aberta...

_ Não me vistes aqui?

_ Não... Onde estavas? Invisível?

_ Eu? Invisível? Mas que sou preto, e estou encostado nessa parede branca! Tem certeza de que não me vês?

_ Se tivesse visto, nem teria entrado bichano... Não gosto da pessoa de vocês.

_ Quantos dedos tenho aqui em minha pata? Disse o gato, colocando a pata bem nos olhos do rato e apontando com o dedo em riste.

_... Deixe-me ver... três?

_ Uai, gente! O ratinho é cego! 

_ Eu? Cego? Por que?

_ Porque eu apontei um só dedo de minha pata para você! E dissestes que são três, os dedos?

_ Um? Eu enxerguei três bichano!

_ Você bebeu ou qualquer coisa do gênero?

_ Bom... Debaixo do tanque havia uma substância meio estranha, mas como estava com fome... Deixe pra lá.

_ Você comeu aquilo?

_ Já disse que estava com fome, por quê?

_ Aquilo era veneno idiota! Vai te comer todo por dentro e você vai explodir feito um balão. Miau!

_ O que está feito, está feito...

_ Você quer morrer? Ou quer viver?

_Quero viver oras... Quem não quer? Mas já que comi veneno... Só me resta esperar pela morte!

_ Queres mesmo viver? Então beba todo aquele leite de meu pote. Vai cortar o efeito do veneno que você comeu!

_ Quem me garante que dentro daquele leite, não há veneno também?

_ Ô rato idiota! Aquele leite é  meu! Acha que eu beberia leite envenenado? Aquilo a minha dona me dá todo dia, é o meu agrado, como ela mesma diz!

_ Mas quem me garante que você não quer me matar? Vou esperar pela morte mesmo... É bem melhor! Obrigado bichano, mas seguro morreu de velho!

_ Vais morrer mesmo, rato idiota! Morrer de burrice! Fiques pois por aí, ou antes, volte pelo lado de onde veio...

E antes que o ratinho pudesse se virar para o lado, ele sentiu uma dor enorme e explodiu diante do gato:

_ Viu? Se tivesse tomado o leite...